Pensamento lateral e criatividade: como eles melhoram o desenvolvimento de software?

Olá, queridos leitores! Compartilho com vocês um novo artigo que começa com estas perguntas:

(a) Como transportar água em peneira?

(b) Pablo deixou cair o anel em uma xícara de café, mas o anel não molhou. Como é possível?

(c) Alguns meses têm 30 dias, outros 31. Quantos meses têm 28 dias?

Você conseguiu encontrar as respostas? Parabéns se você conseguiu! Se ainda não conseguiu, não se preocupe, você os encontrará no final deste artigo.

Pensamento Lateral é um termo cunhado por Edward de Bono, médico, filósofo e psicólogo. Essa forma de pensar busca explorar a criatividade e a engenhosidade do pensamento humano para fugir do que De Bono chama de pensamento vertical, que se refere a pensar em tudo como estamos acostumados, quase mecanicamente.

É verdade que o nosso cérebro tem tendência a poupar processos e a escolher caminhos familiares para reagir rapidamente, seja aos desafios intelectuais, laborais ou quotidianos. O pensamento vertical permite que nosso cérebro não tenha que pensar em muitas alternativas para os problemas (caso contrário, cada tarefa exigiria muita análise e reflexão antes de ser executada). Mas o pensamento lateral procura desestruturar-nos um pouco e abrir as nossas linhas de pensamento a resoluções pouco frequentes, criativas e até melhores do que as habituais.

O pensamento lateral é algo que pode ser desenvolvido, pois, assim como o pensamento vertical, não é inato e irá melhorar muito a sua abordagem àqueles algoritmos complexos que muitas vezes podem ocorrer na tarefa diária de programação. Por isso, a seguir apresento alguns hábitos que você pode implementar para desenvolvê-lo e também algumas técnicas de aplicação.

Técnicas para o desenvolvimento do pensamento lateral

1.       Fazer mapas mentais: Os mapas mentais são basicamente diagramas que devemos administrar em nosso pensamento. Esses diagramas geralmente incluem uma ideia central da qual emergem outras. A princípio, ao aplicar esta técnica, as ideias desvinculadas da ideia central podem parecer desconexas, mas não devemos deixá-las de lado. Esse tipo de atividade envolve brainstorming, então você deve deixar sua mente desencadear ideias que venham à tona rapidamente. Depois, ao visualizá-los, seja em quadro branco, folha de papel, aplicativo, etc., você poderá organizá-los e abordar o problema central por meio das ideias anexas, suas interligações e soluções individuais.

2.       Investimento: Esta técnica é amplamente utilizada para resolver exercícios e desafios de programação. Consiste em inverter o problema para vê-lo do lado oposto e assim encontrar uma possível solução. Por exemplo, um exercício clássico de programação em JavaScript é executar uma função que determina se um número é primo (divisível perfeitamente apenas por ele mesmo e por 1). A abordagem regular (pensamento vertical) é gerar código que verifique o número e seus possíveis divisores, mas isso pode ser tedioso de resolver. Por outro lado, se pensarmos simplesmente em descobrir se o número dado NÃO é primo, a tarefa se torna mais simples.

3.       Enigmas: Talvez a forma mais divertida e prática de desenvolver o pensamento lateral seja através de exercícios semelhantes aos que coloquei no início deste artigo. Existem exercícios mais simples e mais complexos, então ao resolvê-los você notará que há um aumento na sua capacidade de pensar as coisas de forma diferente. Estes enigmas levam a nossa mente a usar o seu lado criativo, a preencher as lacunas de informação que estes exercícios apresentam, a preencher a história que falta e a imaginar situações não convencionais para os cenários mais clássicos. Abaixo deixo para vocês algumas intensidades diferentes para que vocês possam tentar decifrá-las (respostas no final).

Aplicação do pensamento lateral

Segundo Edward de Bono, existem quatro fases de aplicação:

1.       Verificar as suposições: cConsiste em rever aquelas respostas que surgem à primeira vista e que pertencem ao domínio do pensamento mais verticalista. São deduções prováveis, mas certamente não fornecem a resposta desejada. Reconhecê-los e identificá-los permite que você comece a buscar opções mais criativas e inusitadas.

2.       Fazer as perguntas certas: Este item é um dos mais importantes. Para começar, devemos nos fazer as perguntas mais gerais sobre um problema e, em seguida, abordar os dados conhecidos especificamente com perguntas mais específicas para examinar as hipóteses anteriores que são consideradas mais óbvias. Isto permitirá o desenvolvimento de uma versão alternativa mais próxima da solução procurada.

3.       Criatividade: Aqui, novamente, pretendemos nos esforçar para quebrar o pensamento automático e conhecido. Significa parar de ver os problemas a partir da mesma abordagem clássica e começar a pensar de forma não convencional, disruptiva e provocativa. Submeter nosso cérebro a esse esforço pode gerar resultados muito favoráveis.

4.       Pensamento lógico: A criatividade não é inimiga da lógica. Polir as técnicas de pensamento lógico para poder organizar ideias, refiná-las, chegar a deduções mais profundas e pouco convencionais também são parte importante da combinação criativa, caso contrário o pensamento lateral simplesmente cairá na apresentação de soluções extravagantes, mas pouco - ou nada - coerentes.

Seção extra: como melhorar a criatividade

Talvez você seja como eu e não se destaque por ter uma criatividade inata. Uma ideia comum é que a criatividade depende do hemisfério direito do cérebro ou da sua predominância. A verdade é que nossos hemisférios estão interligados e não participam isoladamente das tarefas que realizamos. Por isso quero deixar algumas dicas para potencializar a sua criatividade e eliminar algumas práticas que podem estar reduzindo-a:

1.       Não há mais redes sociais: Sim, eu sei que parece forte e decisivo, mas convido você a abrir, se o seu celular tiver, a seção de bem-estar digital e perceber quanto tempo você passa do seu dia navegando nas redes. É preciso ficar entediado, é preciso que nosso cérebro pare de consumir o que os outros fazem para implementar a criatividade pessoal. O que você faria se faltasse eletricidade onde você mora ou se você simplesmente não tivesse acesso à Internet por uma semana? Antes de entrar em pânico, considere esta situação e procure administrar melhor o seu tempo de lazer.

2.       Expandir o campo de visão: Se por algum motivo temos a mesma rotina todos os dias, seria bom melhorar a nossa criatividade e ampliar o nosso horizonte, seja buscando atividades enriquecedoras nos finais de semana – diferentes de uma maratona de séries – como visitar lugares raramente visitados, interagir com conhecer novas pessoas, viajar ou se inspirar em livros de qualidade, entre outros.

3.       Fazer exercício: A atividade física reduz os níveis de cortisol no sangue (produzido pelo stress), fortalece os nossos músculos, melhora o fluxo sanguíneo e a oxigenação do nosso cérebro, permitindo (entre outros benefícios) uma melhor qualidade de pensamento.

4.       Reabastecer combustível: precisamos descansar. Os neurônios têm um período de regeneração que geralmente atinge o pico durante o sono, aproximadamente às 22h. Seria importante respeitar ao máximo o nosso funcionamento biológico e tomar os cuidados necessários, por exemplo, jantar cedo e leve, tomar banho antes de dormir e até deixar o celular em outro cômodo e ler um livro quando for dormir.

Existem muitas técnicas para resolver diferentes problemas e, sem dúvida, você deve encontrar aquela que melhor se adapta à sua situação. Mas se você conseguir criar um hábito e desafiar sua mente diariamente, notará uma melhora significativa em sua capacidade de raciocínio e poderá enfrentar os problemas do dia a dia (de trabalho ou do dia a dia) de forma muito mais eficiente.

Sucesso!

Respostas para enigmas

(a)      A água deve estar congelada.

(b)      A xícara estava vazia.

(c)       Todo mês tem pelo menos 28 dias.

(d)      O homem é de baixa estatura, consegue acessar facilmente o botão do Térreo para sair, mas só chega ao botão do andar #7 e por isso deve subir os três últimos a pé.

(e)      O homem que entrou teve soluços e por isso pediu água num bar, o barman apresentou uma solução melhor assustando-o com a arma e tirando-lhe os soluços.