Jornada: De dev para tech manager

Jornada: De dev para tech manager

Passei os últimos 6 meses trabalhando como Tech manager/Team lead na Revelo após uma mudança de carreira e decidi escrever sobre como tem sido essa migração.

Se você pensa em seguir esse caminho, isso pode te ajudar! E se você é gestor, pode encarar isso como um benchmark de como é feito em outra empresa.

Carreira em Y


Isso só foi possível graças à carreira em Y, que se popularizou na área de tecnologia. Ela é chamada assim porque antes de se dividir em cima, o tronco é o mesmo na parte de baixo.

Por exemplo, em tecnologia se começa como um dev júnior, depois pleno, depois senior. A partir daí pode-se escolher se especializar cada vez mais na área técnica ou ir para a gestão de pessoas. Isso significa que não é necessário virar gestor para crescer na carreira de acordo com essa mentalidade.

Como aconteceu minha migração


A minha história começou como um dev full-stack e pouco-a-pouco fui me especializando em Android e desenvolvimento mobile. Além disso sempre tive interesse na área de gestão, mas nunca tinha tido a oportunidade.

Na Revelo, entrei como Tech lead, mas sempre deixei claro para meus gestores do meu interesse na gestão. Apesar do interesse, ainda tinha muitas dúvidas se gostaria da função, se conseguiria fazer o papel direito, se saberia dar feedbacks, ter alinhamento com outros times etc.

Até que em um momento surgiu a oportunidade de mudar de papel, e decidi enfrentar essas inseguranças para pelo menos saber se eu gostaria daquilo ou não.

Transição aos poucos


Meus gestores fizeram um ótimo papel me dando mais atribuições típicas da gestão antes de efetivar a mudança, assim consegui ir aprendendo aos poucos as necessidades da nova posição. Comecei a fazer reuniões 1:1 com cada um do time, comecei a participar de algumas reuniões de alinhamento, conduzir reuniões, mentorias e estar mais próximo do Product Manager (PM).

Esse momento foi ótimo para aprender, receber feedbacks e dicas, corrigir alguns comportamentos e mudar a visão que o time tinha sobre mim também.


Commit na mudança


Em maio de 2021, assumi a squad mobile da Revelo como líder do time e gerente de tecnologia. Como eu já trabalhava nesse time e tinha muito contexto tanto técnico quanto de produto, era a escolha mais óbvia e também a mais simples para mim.

Durante algumas semanas o sentimento foi um pouco estranho, porque agora era como se eu estivesse dando um passo para trás visto que antes eu tinha muita experiência programando e agora estava passando por outros desafios muito diferentes.

Primeiras semanas


Nas primeiras semanas lembro que a maior dificuldade era dar feedbacks corretivos, visto que eu era par dos devs há bem pouco tempo. Apesar disso, todos do time me ajudaram muito me dando feedbacks de volta e sendo muito empáticos, o que me ajudou na transição.

Outro ponto muito difícil foi entender que meu tempo não seria mais destinado para a programação e que a forma como eu media minha produtividade seria totalmente diferente. Durante várias semanas eu fiquei com uma sensação estranha de que eu não estava fazendo nada, porque passava a maior parte do tempo em reunião.

Conversando com um amigo sobre essa questão, ele me recomendou ler este artigo sobre a experiência do Davide de Paolis sobre o assunto. E nesse artigo ele cita Yan Cui, que fala exatamente sobre essa sensação. Em uma tradução livre:

O impacto que você cria ajudando 10 engenheiros serem 10% melhores teria uma ordem de magnitude maior do que sua máxima capacidade de entrega individual


E isso me deu uma visão completamente diferente sobre como encarar meu novo papel e minha produtividade. Inclusive um dos pontos que tive que trabalhar foi delegar cada vez mais, visto que eu não tinha mais tempo suficiente para fazer o que eu fazia antes.

Depois de algumas semanas…

Hoje praticamente não tenho mais tempo para programar e tenho visto cada vez mais o potencial de impacto que minhas ações tem no time e gostado das novas coisas que faço.

Sinto que a parte difícil ainda é avaliar o trabalho de pessoas de outras especialidades que não mobile, então ainda uso parte do meu tempo revisando PRs (pull-requests) de backend para poder ter uma noção melhor de quais feedbacks posso dar que sejam mais úteis e saber os pontos positivos.

Além disso, também dedico meu dia a outras funções, como:

  • Motivar e encontrar os pontos em que cada desenvolvedor se sai melhor e pontos a melhorar;
  • Ficar de olho nas métricas e trabalhar junto com o time de produto para que a gente siga na direção certa;
  • Ajudar o time de produto a entender estimativas de tarefas, encaixar débitos técnicos, manter a qualidade do software;
  • Dar e receber feedbacks para membros do time e ter avaliações objetivas sobre cada um deles;
  • Ajudar no desenvolvimento de carreira de acordo com os objetivos de cada um e próximos passos dentro da empresa;
  • Garantir as entregas, delegar as tarefas e definir prioridades;
  • Alinhar com outros times possíveis pontos de impacto e passar status para heads;
  • Recrutamento e seleção;

Olhando o tempo que passou e as coisas que aprendi, posso dizer definitivamente que não adianta apenas ler livros ou fazer cursos sobre gestão. Somente praticando cada uma dessas coisas é possível tornar-se bom nelas e acredito que ninguém nasce preparado para fazê-las bem.


Próximos passos


Ainda tenho uma série de coisas a melhorar em vários pontos e somente a experiência vai me ensinar esses detalhes, e como próximo passo de carreira devo começar a trabalhar com times em áreas da empresa que não tenho tanta familiaridade e lidar com devs de stacks diferentes como front-end web.
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Você tem interesse em fazer essa migração ou já fez? Conta nos comentários como está sendo para você! Por fim, se gostou do artigo, aproveite para ajudar na divulgação, por favor :)