Governança de dados e estruturação analítica na gestão de dados mestres e de referência

Governança de dados e estruturação analítica na gestão de dados mestres e de referência

Um dos temas mais debatidos no cenário atual é a utilização de ferramentas automatizadas: os sistemas de gestão integrada. É com esses tipos de sistemas que podemos aprimorar a rotina da empresa, eliminando processos manuais e aperfeiçoando o desempenho organizacional.

O sistema de gestão é um software desenvolvido para auxiliar na administração dos empreendimentos. Estes são empregados em todas as áreas de uma empresa, independente do porte e segmento do negócio. São também conhecidos como ERP — do inglês Enterprise Resource Planning. Geralmente, os sistemas de gestão integrados estão vinculados aos procedimentos da companhia, desde a requisição de suprimentos até a quitação de faturas, permeando todas as etapas produtivas e suas ramificações. Com a adoção de um sistema de gestão integrada, todos os procedimentos são respaldados e supervisionados por ferramentas informatizadas.

As tecnologias vieram e estão presentes para contribuírem em nossa forma de interagir com o mundo e em como as corporações podem ser impulsionadas por tais informações. Os profissionais do conhecimento, termo utilizado para se referir àqueles que lidam diretamente com informações estratégicas do negócio, precisam localizar dados para resolver seus desafios e aprimorar os serviços e produtos da empresa (SOUZA, 2014).


O acesso instantâneo à informação via internet criou em nós um comportamento que podemos chamar de impaciência. Já não temos a disposição de aguardar mais que 3 segundos para que o navegador nos apresente os resultados de uma busca; não estamos mais dispostos a esperar. Por isso, almejamos rapidez e mobilidade.

Nos sistemas manuais convencionais, deparamo-nos com limitações na pesquisa, uma vez que a quantidade de campos para descrever um item documental restringe as descrições a poucos dados e alguns cabeçalhos do tema. Portanto, a busca no catálogo é extremamente limitada e, frequentemente, torna-se difícil e vinculada ao trabalho do catalogador (MARQUES, 2012).

De acordo com (GARCIA, 2015), o campo da educação física, assim como outras áreas em desenvolvimento, passa por diversas transformações, tanto em termos de conceitos como de estrutura. À medida que novas pesquisas surgem, sua importância torna-se cada vez mais sólida e evidente, com o aumento do número de praticantes de esportes e atividades físicas, bem como o crescimento contínuo de academias.

Em virtude dessa expansão, muitos aplicativos e sistemas de gestão para o controle do ciclo das necessidades dos alunos surgiram nos últimos anos, contendo informações fundamentais para os profissionais da área de saúde com dados de finanças, treinamentos, registros de anamneses (entrevistas realizadas pelo profissional de saúde com o paciente para diagnóstico potencial, podendo ser conduzidas por meio de formulários ou questionários), anotações de ausências e planos de exercícios.

Conforme a Estratégia de Saúde Digital para o Brasil 2020-2028 (MS, 2020), deve-se induzir a implementação de políticas de informatização dos sistemas de saúde, acelerando a adoção de sistemas de prontuários eletrônicos e de gestão hospitalar como parte integradora dos serviços e processos de saúde. Dessa forma, profissionais de saúde poderão acessar informações sobre seus atendimentos de maneira online e compartilhá-las conforme desejarem.

Dadas estas informações, neste artigo nosso objetivo será, por meio do sistema da empresa S2Pro (aplicação web para personal trainers e alunos), aprimorar a análise estrutural e a gestão dos dados mestres e de referência relacionados à frequência e saúde incluindo um modelo de registro de dados.

Fundamentos e processos

A Governança de TI (GTI) tem um papel fundamental na realização do alinhamento da TI com o negócio das organizações, potencializando os processos de TI juntamente com os objetivos do negócio. Alinhar a TI ao negócio da organização é fundamental, porém é necessário também garantir o alinhamento da GTI com a Governança de Dados (GD).

Figura 1 - Governança de TI. Fonte: OpServices | Gerenciamento de TI & Dashboards em tempo real


A Governança de Dados desempenha um papel fundamental na supervisão e administração dos dados organizacionais. Essa função viabiliza a conversão de dados em informações cruciais para embasar decisões estratégicas. A GD assume a responsabilidade integral pelo controle e administração dos dados da organização, abrangendo desde a gestão completa dos dados até a sua transformação em informações relevantes.

Figura 2 - Governança de Dados. Fonte: ABRACD - Associação Brasileira de Ciência de Dados


A Governança de Dados (GD) emerge como um conceito recente que ganha destaque e relevância no contexto das organizações, principalmente em cenários onde uma vasta quantidade de dados desempenha um papel crucial na formulação de decisões estratégicas. Ter uma Estrutura de Tecnologia da Informação (ETI) alinhada com a Governança de Dados proporciona um aprimoramento substancial no desempenho organizacional, atendendo à demanda por informações precisas e oportunas no processo de tomada de decisões.

Para facilitar esse alinhamento, há a presença de estruturas de boas práticas de gestão, que auxiliam as empresas na implementação efetiva dessa governança. Como resultado, as organizações estão cada vez mais adotando o conceito de dados como um ativo essencial, contribuindo para aprimorar as decisões relacionadas aos seus negócios. (BARATA, 2015).

No contexto de um cenário tecnológico em evolução, a disseminação de informações provenientes de métodos de pesquisa cada vez mais acessíveis e poderosos proporcionará aos usuários uma relação mais próxima com os recursos disponíveis. As tarefas tradicionais de catalogação cederão espaço para abordagens colaborativas de compartilhamento de registros na rede, integradas a uma gestão que equilibra a descrição detalhada com a disponibilização de recursos documentais em formatos digitais.

A importância dos indicadores de gestão aumentará, uma vez que será possível medir o engajamento dos usuários na busca por aprimorar suas métricas, tema que será abordado em diversas abordagens científicas futuras. Na busca por soluções mais eficazes no futuro, consideram-se as grandes transformações tecnológicas iminentes na Web, bem como as novas ferramentas e conceitos emergentes no mercado. (MARQUES, 2012).

​​A ausência de boa saúde pode ocasionar vários danos financeiros para a comunidade, afetando tanto os cidadãos individualmente quanto o conjunto do sistema de saúde. De acordo com uma pesquisa conduzida pela Organização Pan-Americana da Saúde − OPAS, divulgada em setembro de 2018, mais de 1,4 bilhão de adultos estão suscetíveis a desenvolver enfermidades devido à inatividade física em todo o globo (OPAS, 2018).

Portanto, inúmeras investigações científicas têm se debruçado sobre essa problemática e evidenciado algumas implicações econômicas relevantes e prejuízos financeiros ligados à carência de saúde, manifestando-se como gastos diretos em cuidados médicos.

Segundo um estudo efetuado pelo Ministério da Saúde (MS) que foi publicado em maio de 2022 a respeito das consequências econômicas da falta de exercício nos sistemas de saúde do Brasil, é possível atribuir 15% das hospitalizações pelo Sistema Único de Saúde (SUS) à inatividade física, gerando um custo aproximado de R$275.646.877,64 (MS, 2022). Em função disso, o MS tem proposto medidas no âmbito da atenção primária à saúde, incluindo a formulação do Guia de Atividade Física para a População Brasileira, que apresenta orientações para a prática de exercícios físicos.

Segundo Nunes (2022), cerca de 47% dos habitantes do Brasil possuem um estilo de vida sedentário, com a taxa podendo atingir 84% entre os jovens, o que é bastante preocupante. O autor ressalta também que esse cenário pode representar um desafio significativo para a sociedade, pois à medida que a população adoece, os custos relacionados à ausência no trabalho (absenteísmo) também aumentam.

A expansão do uso de Sistemas de Informação (SI) em diversas esferas da sociedade, aliada à evolução das demandas na área da saúde, levou à aplicação dessas tecnologias para informatizar os dados de saúde de maneira centralizada. No campo da saúde, o equilíbrio entre os custos e a promoção da qualidade e acessibilidade dos serviços é uma preocupação crescente entre os profissionais, governos e consumidores. A utilização de Sistemas de Informação nesse contexto possui um grande potencial para "melhorar a eficiência em termos de custo, qualidade e acessibilidade dos cuidados de saúde" (DANIEL, 2012).

Conforme destacado por GARCIA (2015), verifica-se uma tendência de crescimento no setor de fitness no Brasil, onde o país é reconhecido por possuir a maior densidade de academias de ginástica por habitante. Dentre as diversas áreas em que os graduados em Educação Física podem atuar, destaca-se o papel de Personal Trainers.

No campo de Gestão de Pessoas, esses profissionais demonstram interesse em atualizações e capacitações, visando avaliar de maneira mais eficaz suas interações com os clientes. O autor também destaca que a organização representa uma ferramenta para otimizar a alocação de recursos, facilitando a realização dos objetivos almejados. O processo organizacional não apenas ordena os recursos, mas também os divide em partes coordenadas, sendo o controle desse processo essencial para garantir a consecução dos objetivos.

A área de Desenvolvimento de Dados tem como propósito criar, implementar e manter soluções que atendam às demandas de dados de uma empresa. Essa área abrange atividades focadas nos dados ao longo do ciclo de desenvolvimento do sistema, incluindo a modelagem de dados, análise dos requisitos de dados, design, implementação e manutenção de bancos de dados. Os dados mestres e de referência servem como entrada para os dados transacionais.

Por exemplo, em um pedido, que é um dado transacional, são integrados dados mestres (clientes e produtos entregues, vendedores envolvidos, etc.) e dados de referência, como o status do pedido e o CEP padrão do fornecedor. Juntos, eles constituem os dados transacionais do pedido (DMBOK, 2013).

Assim, o objetivo aqui é abranger todo o espectro teórico relacionado ao tema, a fim de destacar a importância e a relevância da adoção do sistema S2Pro para gerenciar os dados mais relevantes para os Personal Trainers com uma estrutura de modelagem de dados dividindo-se em aspectos de Alto Nível e Baixo Nível.

O resultado da coleção dos dados e análises

De acordo com a leitura de textos que refletem as perspectivas de um sistema gestão, a proposta realizada foi a análise do sistema desenvolvido da empresa S2Pro para personal trainers, com uma modelagem de gravação dos dados para futuras análises, partindo do princípio de que os dados mestres são os dados fundamentais de uma empresa e seu acesso necessita ser realizado de forma eficiente e objetiva.

O S2Pro é um sistema com módulos objetivos, seu diferencial dos outros sistemas existentes atualmente no mercado é que foi desenvolvido para dar objetividade no gerenciamento dos dados: de navegação, consulta e compartilhamento das informações de maneira ainda mais rápida e eficiente. Com ele é possível obter o controle de alunos, exercícios, sistema financeiro, treinos, anamnese dos alunos, registro de faltas, ou seja, o controle completo do ciclo da necessidade do aluno para que o personal trainer possa realizar o acompanhamento sistematizado.

Modelagem de Dados no Sistema

Usado para descrever a estrutura lógica e física do banco de dados do S2Pro, este modelo de dados apresenta os relacionamentos, tipos de dados e restrições para conhecimento da estrutura e nível, se dividindo em 2 tipos: Alto Nível - podemos chamar de modelo de dados conceitual ou modelo Entidade-Relacionamento, o seu principal conceito é uma projeção dos dados que deixa o mais próximo possível da visão que o usuário tem dos dados. Baixo Nível - conhecido como modelo de dados físico, é o que fornece uma visão mais detalhada do modo como os dados estão armazenados no computador.

Tabelas do Banco de Dados do Sistema S2Pro

Na Figura 3 pode ser vista a hierarquia e os relacionamentos que existem entre o módulo principal, ou seja, o usuário, neste caso, o aluno e suas dependências como: seus treinos, objetivos, anamneses e registro de presenças. É a partir dessa estrutura que os alunos passarão a ter agora um novo módulo para fins de análises futuras de Big Data.

Figura 3 - Modelagem geral do Sistema – Alto Nível. Fonte: S2Pro


O Modelo de Dados de Registro de Atividades de Usuário

A partir do princípio de que a estruturação analítica das atividades dos usuários atrelada aos dados mestres e de referência (representado na Figura 3) está  construída, podemos seguir com a implementação da sua melhoria na gestão dos mesmos para obter informações de frequência no sistema através dos módulos de acesso ao sistema (login), treinos, anamneses, objetivos e registro de presenças.

Na Figura 4 pode-se observar o desenho de alto nível do modelo de dados de atividades de usuário na obtenção de três principais informações para análise posteriores, são elas: data de acesso àquele módulo, o tempo gasto naquele módulo e de qual módulo o usuário veio.

Figura 4 - Modelo de Dados de Atividades de Usuário – Alto Nível. Fonte: S2Pro


A informação de qual módulo o usuário veio é de extrema importância, pois ela servirá para fins de análise de não somente UX (user experience) e UI (user interface) do sistema para posteriores melhorias no fluxo de navegação do sistema em conjunto com o tempo gasto em cada módulo a fim de levantar se de fato aquele tempo gasto naquele módulo está dentro da média ou não, levando-nos a descobrir as perguntas certas para estatísticas de interesse do usuário, como por exemplo: se ele gasta mais tempo analisando os gráficos dos resultados das suas anamneses ou mais tempo vendo seus treinos.

E na Figura 5, é possível ter a visão que o usuário tem dos dados, baixo nível - conhecido como modelo de dados físico, um detalhamento mais profundo de como os dados estão sendo guardados no servidor.

Figura 5 - Modelo de Dados Físico – Baixo Nível. Fonte: S2Pro


Conclusão

Através destas análises, podemos verificar no sistema S2Pro a importância da Gestão de Operações de Dados na estratégia, supervisão e suporte aos recursos de dados ao longo de seu ciclo de vida, desde a sua origem e registro até a sua guarda final. Fica claro que o gerenciamento de dados mestres e de referência planeja, executa e monitora as ações dos utilizadores para garantir a sua harmonia que, além de conferir maior precisão na administração dos dados, aprimora a gestão destes com mais transparência e eficácia.

Os dados Primários compreendem as informações fundamentais de uma organização e abrangem informações sobre clientes, fornecedores, colaboradores, contas, locais, entre outros. Já os dados de referência são informações associadas a códigos, como estados, países, status de um pedido, entre outros, que funcionam como elementos para a categorização/classificação de outros dados. Os dados de referência representam componentes com características mais orientadas à codificação de valores, como códigos e descrições.

Essas informações são pertinentes para futuras pesquisas estatísticas, tanto descritivas quanto prescritivas, quanto para ciência de dados, com o propósito de fornecer aos instrutores pessoais, alunos e outros interessados na área da saúde, tais como nutricionistas, ortopedistas, endocrinologistas, fisioterapeutas, entre outros, uma visão real do perfil dos praticantes de atividade física monitorada, possivelmente abrindo caminho para a criação de algoritmos de inteligência artificial na elaboração de programas de treino predefinidos ou personalizados, bem como na promoção da saúde e de atividades físicas em geral.


Referências

  • Barata, André Montoia. Governança de dados em organizações brasileiras: uma avaliação comparativa entre os benefícios previstos na literatura e os obtidos pelas organizações. 154 f. Dissertação (Mestrado em Ciências). EACH Universidade de São Paulo. São Paulo, 2015.
  • Barbieri, Carlos. Uma visão sintética e comentada do Data Management Body of Knowledge (DMBOK). Fumsoft - Belo Horizonte, 2013.
  • Daniel, Vanessa Marques. Os sistemas de Informação em Saúde e seu apoio à gestão e ao planejamento do SUS: uma análise de estados brasileiros. 212 f. Porto Alegre, 2012.
  • Garcia, Renato A. V. F. Perfil da gestão do negócio do personal trainer de Curitiba/PR. 2015. 113 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Bacharelado em Educação Física) - Curso de Bacharelado em Educação Física, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2015.
  • Marques, Luísa Maria Lousã. Projeto de implementação do sistema de gestão integrada de biblioteca em ambiente web no ensino superior artístico: Os casos da escola superior de teatro e cinema e da escola superior de música de Lisboa do Instituto Politécnico de Lisboa, 143 f. Lisboa, 2012.
  • Mendes, Alessandra Dias. Atuação profissional e condições de Trabalho do Educador físico em academias de atividade física. 235 f. Brasília, 2010.
  • OP Service. Boas Práticas de TI: O que você deve saber sobre Governança de TI, Porto Alegre, 2014 Fonte: https://www.opservices.com.br/governanca-de-ti. Acesso em 11/02/2019.
  • Souza Júnior, Geraldo Magela de. Arquitetura de Dados: Modelo conceitual e abordagem para criação e manutenção. 39 f. Projeto (Mestrado em Ciências de Informação e Gestão do Conhecimento). Universidade FUMEC. Belo Horizonte, 2014.
  • Stumpf, Ricardo Dantas. O porquê de governança de dados em organizações de controle, p. 137. Revista do TCU. São Paulo, 2016. https://revista.tcu.gov.br/ojs/index.php/RTCU/article/view/1383/1529. Acesso em 11/02/2019.
  • Estratégira de Saúde Digital para o Brail - 2020-202. Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategia_saude_digital_Brasil.pdf. Acesso em: 31, agosto de 2023.
  • OPAS − Organização Pan-Americana da Saúde. Mais de 1,4 bilhão de adultos correm risco de desenvolver doenças por inatividade física em todo o mundo. 5 set 2018. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/5-9-2018-mais-14-bilhao-adultos-correm-risco-desenvolver-doencas-por-inatividade-fisica-em. Acesso em: 30/06/23.
  • NUNES, C. C. G.; CHAVES, C. M. C. B.; DUARTE, J. C. Motivação para a prática de atividade física em estudantes de enfermagem. Revista de Enfermagem Referência, v. 6, n. 1, 2022.
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