Big data de dentro: entrevista com 3 profissionais da área

Big data de dentro: entrevista com 3 profissionais da área

Entre as muitas informações que são analisadas ​​neste campo, há alguns dados que também devemos considerar: os dos próprios profissionais da área. Por isso, conversamos com vários talentos para conhecer seus projetos, desafios e a visão do setor.

A participação trabalhista da América Latina em Big Data cresce a cada dia. Graças a uma sólida formação, proficiência em inglês, facilidades de trabalho remoto e até a pandemia, há cada dia mais pessoas se dedicando a esse segmento digital, em áreas que vão da mineração à ciência de dados, passando pela engenharia, arquitetura e análise de negócios.

Independentemente do caminho escolhido, todos eles reúnem experiências e aprendizados com os quais podem nos mostrar como é trabalhar em Big Data, os desafios e algumas recomendações para quem inicia sua vida profissional no setor.

Arturo Rivero

Arturo Rivero é um profissional venezuelano de Big Data que mora no Canadá. Com uma formação e experiência inicial em Comunicação e Marketing, há três anos ele encontrou seu novo norte profissional em dados, através de empresas como Media Experts, National Bank of Canada e Bounteous.

“Como latino-americano, considero que há espaço suficiente para nossa força de trabalho. Por quê? Primeiro, há muitos engenheiros qualificados que já lidam com parte dos processos de processamento e transformação de dados. Em segundo lugar, a maior parte do conhecimento necessário para aprender Big Data está disponível gratuitamente. Existem vários programas on-line que exigem zero treinamento prévio. Terceiro, ainda existem empresas procurando os melhores talentos, não importa onde estejam. Hoje as funções podem ser remotas, o que dá ao funcionário a possibilidade de trabalhar e crescer na empresa de casa”, comentou.

Embora o saldo de Rivero seja positivo, sua carreira não foi isenta de desafios.

“O maior desafio tem sido aprender a traduzir as necessidades do negócio em requisitos técnicos. Tive que treinar JavaScript, SQL e Python não para escrever códigos, mas para entender a mentalidade de um engenheiro ou cientista de dados”, acrescentou.

Longe de obedecer a uma tendência trabalhista, a inserção de Arturo no Big Data deve-se à crescente importância desse setor, o que se sustenta em sua visão desse segmento para o futuro.

“Atualmente, no Canadá e em qualquer economia moderadamente desenvolvida, o Big Data traz grande valor à sociedade e à economia. Sem que muitos saibam, essas grandes quantidades de dados são usadas na política, por exemplo, para prever resultados eleitorais e para os candidatos moldarem seu discurso para aumentar sua popularidade, entre outros usos.
É surpreendente que a maioria das vagas disponíveis não seja preenchida porque não há mão de obra qualificada suficiente. Muitas empresas estão dispostas a treinar candidatos e buscam, acima de tudo, que a pessoa tenha capacidade de aprender. Por isso é difícil que os profissionais de Big Data diminuam no longo prazo, principalmente os de origem latino-americana”.

Dante Casango

Com uma carreira em Big Data que começou em 2019, Dante Casango, morador de Veracruz, trabalhou como Analista e Engenheiro de Dados em empresas como TenarisTamsa, Indra e Banco de Crédito del Peru. Segundo este jovem profissional, o México tem muitas oportunidades para quem trabalha no mundo dos dados.

“Me atrevo a dizer que faltam mais profissionais para resolver a demanda mexicana em Big Data. No entanto, dado o panorama existente em ciência e tecnologia, devemos incentivar o aprendizado em Big Data sem diminuir a importância da educação formal que esses cargos exigem. O México deve valorizar a importância do conhecimento tecnológico se não quisermos ficar para trás”, explicou.

Além das dificuldades locais quanto à permeabilidade do Big Data, o Casango acrescentou outros desafios em sua trajetória.

“O primeiro desafio está nas ferramentas tecnológicas. Embora eles possam ser aprendidos online, isso não é o mesmo que enfrentar um problema e usá-los. Mencionaria também a comunicação com o cliente para mostrar como uma análise ou tratamento de dados agrega valor ao seu negócio ou atividade. Por fim, você deve estar sempre informado sobre as novas tecnologias que surgem, como o uso de serviços em nuvem, algoritmos, plataformas, bem como buscar certificações sobre seu uso”.

Dante é firme em qualificar sua experiência em Big Data como positiva.

“Tem sido muito enriquecedor. Me fez crescer como profissional e aprender muito sobre novas ferramentas e tendências em tecnologia. Graças a isso, tenho uma nova perspectiva do que pode nos esperar em um mundo totalmente dominado por dados”.

Ulises García

A carreira de Ulises García soma quatro anos de experiência em empresas no México e no exterior, como Aeroméxico, Walmart, Ben & Frank e El Palacio de Hierro. De acordo com este Data Engineer, sua profissão e outras relacionadas ao Big Data estão em alta demanda e grande demanda por quem as exerce.

“Atualmente, Big Data é uma das áreas mais demandadas. Há um grande número de vagas para preencher, razão pela qual a chamaram de a carreira mais sexy do século XXI, já que os salários são altos em comparação com outros empregos”, disse.

Para Ulises, isso se deve à importância do Big Data no mercado, pois tornou-se um dos principais ativos para as organizações.

"Permite que a análise seja realizada de forma assertiva e mais rápida, para a qual a tomada de decisão tende a ser correta. O grande valor que os dados assumem se reflete na redução de custos e otimização de processos”.

Embora relacionar a mecânica e a eficácia do processo seja simples, colocá-lo em prática é muito mais complexo, principalmente pela atenção aos detalhes necessários para evitar erros.

“Diferentes desafios são vivenciados todos os dias, como a governança de Big Data ou a manutenção dos requisitos originais de privacidade e segurança ao longo do ciclo de vida da informação. É comum que, ao lidar com quantidades extraordinárias de dados, haja o risco de perder a originalidade ou o significado das informações, para o que é fundamental manter a qualidade dos dados por meio das melhores práticas”, detalhou.

Como latino-americano dedicado ao Big Data, García está confortável com o futuro do setor na região.

“É um mercado que está em alta. A cada dia, mais empresas se comprometem a implementar processos de Big Data para garantir o sucesso em sua organização. O mercado continua a crescer e, sendo uma área que ainda não atingiu o topo, o melhor ainda está por vir”, concluiu.

Dicas para iniciantes

Ambos os profissionais de Big Data compartilharam algumas recomendações para quem deseja iniciar no setor:

Arturo Rivero

  • Entenda bem o ciclo de vida do Big Data.
  • Faça uma auto avaliação honesta das competências e identifique qual parte do Big Data é mais relevante.
  • Identifique as habilidades que faltam (linguagem de programação, gerenciamento de banco de dados, marketing, comunicação, etc.).
  • Obtenha treinamento online (Coursera, Udemy, Google).
  • Candidate-se sem medo ou complexos a vagas de interesse.

Dante Casango

  • Estude constantemente.
  • Avalie o poder do Big Data na indústria.
  • Domine as ferramentas tecnológicas necessárias.
  • Aproveite os nichos de mercado para crescer profissionalmente.

Ulises Garcia

  • Prepare-se constantemente.
  • Ferramentas mestres como SQL, Python ou similares.
  • Considere DevOps/Cloud Computing.