As 19 tendências em tecnologia e desenvolvimento de software para 2022

As 19 tendências em tecnologia e desenvolvimento de software para 2022

Se é verdade que todo negócio está se tornando um software, e vice-versa, não sabemos. Mas que todo desenvolvimento de software tem se firmado como imperativo estratégico para um número cada vez maior de empresas, disso já temos certeza. Ao longo de 2020 e durante boa parte de 2021, os executivos de tecnologia focaram em decisões mais a curto prazo, buscando reagir a imprevistos pelo caminho.

Já para 2022, CTOs e executivos das organizações mais disruptivas do mundo devem passar da “transformação digital” para a “transformação tecnológica centrada em pessoas”, conforme aponta relatório divulgado pela consultoria Forrester Research sobre as tendências em desenvolvimento de software para 2022.

O Gartner, por outro lado, aposta em uma forte integração entre combinações de tipos distintos de tecnologias para competir em vários momentos no ciclo de crescimento dos negócios, em algo que a consultoria classifica de “diferentes tendências impactando diferentes organizações de maneiras diferentes”. Mmm. Mas, e o que isso significa?

Na prática, as principais tendências de tecnologia devem acelerar o desenvolvimento de recursos digitais para resolver desafios de negócios comuns a CIOs e CTOs, posicionando-os como parceiros estratégicos nas organizações. Neste artigo, reunimos as 19 tendências em desenvolvimento de software, tecnologia e cultura organizacional que devem se expandir ainda mais ao longo de 2022:

#1. Arquitetura Orientada a Eventos (EDA)

A Arquitetura Orientada a Eventos é um padrão de arquitetura de software que permite detectar eventos ou momentos de negócio importantes - como uma transação ou visita a um site, por exemplo - e age sobre eles em tempo real ou quase real.

Se, em 2020, apenas 12% dos desenvolvedores globais testemunharam organizações focadas em Arquitetura Orientada a Eventos, em 2021 esse número já atinge 20%. De acordo com a Forrester Research, à medida que o gerenciamento de API se estende além do REST para incluir EDA, a tendência é que mais recursos de gerenciamento de eventos com suporte AsyncAPI cheguem ao mercado, elevando para 35% o número de empresas tech com foco em EDA para 2022.

#2. Suporte a web runtime em ambientes mobile

De acordo com a Forrester, haverá um crescimento das plataformas independentes de runtime, a partir da forte convergência entre frontend web e mobile. “Os intérpretes de bytecode com compiladores just-in-time (JIT) ultramodernos e eficientes irão permitir que o código responda a todas as plataformas - mas, dessa vez, a execução de streaming e JITs em vários estágios não levarão a atrasos em lançamentos”, diz o relatório. A escolha da linguagem de programação também deverá ser menos importante daqui para a frente.

#3. Pipelines DevOps mais consolidados

Muitas organizações já adotam frameworks de teste consolidados no mercado, sendo que o mesmo deve ocorrer com as ferramentas DevOps em 2022. Com isso, haverá também maior adoção do GitOps - conjunto de práticas criadas para gerenciar configurações de infraestrutura e aplicativos usando o Git, um sistema de controle de versão open source - e do amplo uso de ferramentas de gerenciamento de fluxo de valor . Isso sem falar na automação da governança e do compliance nas empresas.

Com a popularização do DevOps, novos sistemas devem surgir em um modelo de plataforma como serviço. Isso levará à automatização dos ciclos de desenvolvimento entre as equipes, desde a construção até o deploy da infraestrutura de aplicações.

#4. Ferramentas de desenvolvimento com bot de IA

Em meados deste ano, enquanto a Microsoft lançou um teste controlado do GitHub Copilot, uma ferramenta de Inteligência Artificial para pair programming, a IBM estreou seu AI for Code e a Oracle lançou um gerador de linguagem query, a previsão para 2022 é a de que programas de desenvolvimento de low-code e no-code devem incorporar IA em seus conjuntos de ferramentas, incluindo recursos de linguagem natural para tornar as ferramentas mais fáceis de usar.

E o uso de bots, predominante nos estágios de testes e desenvolvimento de software, continuará a crescer durante todo o ciclo de vida dos projetos.

#5. Flexibilidade com operações remotas

Os apps têm redefinido como as empresas físicas operam em uma sociedade que está migrando maciçamente para o ambiente digital. Aqui não estamos falando em substituir configurações físicas por soluções em nuvem, mas sim de melhorar a experiência do cliente com uma alternativa digital. Por exemplo, os apps de delivery de comida tiveram uma alta de 66% na América Latina em 2020, comparado ao ano anterior, por conta das restrições impostas pela pandemia do coronavírus.

A operação remota capacita empresas a estender seus serviços e produtos aos clientes além das instalações físicas, e é um modelo que realmente chegou para ficar: estima-se que, até 2023, os consumidores latino-americanos devam movimentar R$ 307 bilhões em compras online.

#6. Novas estratégias em segurança cibernética

Atualmente, a cada 11 segundos acontece um ataque de ransomware, levando a prejuízos globais na casa dos US$ 6 trilhões - uma cifra que irá quase dobrar em apenas 5 anos. A malha de segurança cibernética (cybersecurity mesh) é uma arquitetura flexível e combinável que integra serviços de segurança amplamente distribuídos e díspares. Ela pode verificar de forma rápida e confiável a identidade, o contexto e a aderência à política tanto em ambientes de nuvem como on-premises.

A cybersecurity mesh representa uma estratégia de defesa cibernética que protege de forma independente cada dispositivo com seu próprio perímetro - como firewalls e ferramentas de proteção de rede. Muitas práticas de segurança usam um único perímetro para proteger um ambiente de TI inteiro, já uma malha de segurança cibernética parte para uma abordagem holística do ambiente.

#7. Operações com tecnologias de nuvem distribuída

Embora a computação em nuvem não seja um conceito novo, a maneira distribuída como é aplicada tem melhorado a experiência do usuário nos últimos anos. As tecnologias de nuvem distribuída também têm sido uma das principais forças por trás do desenvolvimento de aplicativos. Aplicativos de streaming de vídeo, por exemplo, são construídos a partir de tecnologias de nuvem distribuídas, um mercado que deve chegar a impressionantes US$ 149,34 bilhões até 2026.

O benefício imediato da nuvem distribuída é sentido quando os aplicativos permanecem operacionais, mesmo quando há um problema em um dos servidores. A alta disponibilidade evita a interrupção do serviço e os recursos de redundância em nuvem evitam perdas de dados. Em vez de hospedar serviços de backend em um único servidor de nuvem, as startups devem passar a adotar cada vez mais a topologia de nuvem distribuída, onde os serviços são executados em diferentes provedores de nuvem e em diferentes localizações geográficas.

#8. Personalização com Internet of Behavior (IoB)

O Gartner prevê que, até 2023, as atividades de cada usuário serão rastreadas por uma espécie de “Internet of Behavior”, com o intuito de influenciar e conectar uma pessoa digitalmente às suas ações. Por exemplo, vincular uma imagem documentada por reconhecimento facial à compra de uma passagem de trem é uma ação que poderá ser rastreada digitalmente.

Os dados coletados por meio da IoB provam ser úteis também para criar uma experiência de usuário mais personalizada. Por exemplo, as startups podem extrair exemplos de IoB em ação a partir de como o YouTube exibe feeds de vídeo personalizados com base em como os usuários reagem. Da mesma forma, o Facebook tem usado a IoB para exibir anúncios com maior probabilidade de engajamento dos usuários.

#9. Total Experience (TX) para acelerar o crescimento

De acordo com a Forbes, 96% dos usuários de software citam a experiência como essencial para incutir a lealdade à marca. É aí que a experiência total, ou TX, entra em ação para o desenvolvimento de aplicativos. A chave para a TX está na comunicação unificada, o que implica investir nas tecnologias certas de suporte ao cliente. É importante ter uma comunicação coesa entre consumidores e equipe de suporte, por exemplo, ainda que este último esteja localizado remotamente.

Provedores de VPN que oferecem suporte de chat ao vivo com capacidade de resposta 24/7 são o exemplo perfeito de Total Experience. A TX pode gerar maior confiança, satisfação, e lealdade de usuários através da abordagem ampla e unificada de experiências das partes interessadas.

#10. Pipeline CI/CD será mandatório para inovação

Assim como a popularização do DevOps e do GitOps tem acontecido em um ritmo acelerado, também os aplicativos precisam ser atualizados e lançados constantemente para os usuários. A entrega contínua (continuous delivery) leva as equipes de desenvolvimento a sempre manterem uma versão implementável do código.

Assim, um pipeline CI/CD avançado permite a construção, teste e implantação contínua de alterações iterativas no código, reduzindo as chances de deploy de código recém-criado com base em uma versão anterior contendo falhas ou erros. Para as startups, será mandatório engajar equipes de desenvolvimento capazes de trabalhar em sprints mais curtos, ao mesmo tempo em que simplificam e dimensionam o processo de automação de testes.

#11. Otimização de custos com soluções Low-Code/No-Code

O desenvolvimento de baixo código (low-code/no-code) permite que as organizações criem aplicativos com codificação mínima. A ideia de criar aplicativos com pouca ou nenhum código envolvido no processo ganhou força nos últimos anos. Estima-se que essas aplicações devem atingir US$ 187 bilhões em receita até 2030. A grande vantagem desse tipo de desenvolvimento está na redução da dependência de especialistas qualificados.

Além disso, as empresas podem integrar facilmente a lógica de negócios em um aplicativo com ferramentas de desenvolvimento de baixo código. Essas soluções também permitem que empresas com menos recursos construam novos produtos, democratizando, assim, o desenvolvimento de novos produtos e aplicações. De acordo com a Forbes, apps low-code serão responsáveis por mais de 65% da atividade de desenvolvimento de aplicativos até 2024.

#12. Domínio de plataformas cloud-native

As plataformas nativas da nuvem foram criadas para responder às rápidas mudanças digitais. Elas permitem criar novas arquiteturas de aplicativos que são, ao mesmo tempo, mais resilientes, elásticas e ágeis que as plataformas construídas fora da nuvem. Em plataformas nativas, os serviços são implementados como parte de microsserviços e executados em containers. Uma abordagem de sistema baseada em containers que pode, em última análise, melhorar a eficiência e a velocidadedas das organizações, permitindo que reajam rapidamente às transformações digitais do mercado.

#13. Crescimento das Progressive Web Applications (PWA)

Desde que foram introduzidas pelo Google, em 2015, as Progressive Web Applications (PWA) têm experimentado um interesse crescente do mercado de produtos digitais. As PWAs são soluções nativas que combinam os recursos de um site com um aplicativo mobile. Elas eliminam a necessidade de baixar um app ao proporcionar uma experiência semelhante à nativa em dispositivos móveis. Além disso, as PWAs são mais responsivas e menos custosas de desenvolver e manter, o que as torna uma escolha interessante em 2022 para startups ou equipes enxutas de desenvolvimento de software.

#14. Outsourcing de software

É cada vez mais desafiador para empresas de todos os setores encontrar profissionais de TI talentosos que possam desenvolver soluções de alta qualidade dentro do orçamento. Por conta disso, muitas organizações têm terceirizado a base de desenvolvimento. As startups, por exemplo, têm tudo a ganhar terceirizando suas necessidades de desenvolvimento de software para uma empresa de desenvolvimento externa.

Essa abordagem permite que as startups contratem habilidades e experiência comprovadas sem serem oneradas por altos custos de TI. Alguns dos benefícios incluem eficiência de custos, respostas mais rápidas, menor risco e maior lançamento de funcionalidades de negócios. Além disso, a terceirização é a melhor opção em comparação com a contratação de freelancers se o responspavel pela startup não estiver pronto para assumir a função de CTO.

#15. Maior adoção da Infraestrutura como Código (IaC)

A Infraestrutura como Código (IaC) tem se tornado cada vez mais comum, pois habilita o gerenciamento de toda a infraestrutura de desenvolvimento via arquivos de configuração legíveis por máquina, eliminando qualquer possibilidade de erro humano. Os benefícios da IaC incluem adoção mais fácil de nativos da nuvem, rastreabilidade, deploy de configurações semelhantes e maior eficiência. Tudo isso durante todo o ciclo de vida de desenvolvimento de software, o que nos faz acreditar que a adoção da IaC aumentará no próximo ano.

#16. FinOps: Gerenciamento de custos na nuvem

Se há uma abordagem que melhor traduz a natureza disruptiva que envolve a relação entre desenvolvimento de software, tecnologia e cultura organizacional e as tendências para 2022 em diante, esta abordagem é o FinOps. FinOps vem de Cloud Financial Management, e é um conceito relativamente novo em computação em nuvem, mas que vem se expandindo rapidamente.

E a razão para isso diz respeito ao balanço que as organizações precisam ter ao gerenciar seus custos de desenvolvimento e implementar soluções que atendam melhor às suas necessidades e recursos - tendo na ponta do lápis o controle de todo e qualquer gasto relacionado à nuvem. Para criar soluções mais inteligentes e otimizadas financeiramente, as empresas montam equipes híbridas - envolvendo Engenheiro de Operações, Product Owner e executivos financeiro e de negócios - para observar de perto onde exatamente estão investindo dinheiro na nuvem. Esta análise incentiva a implementação de melhores práticas para otimizar custos e alocação de recursos. Como resultado, as organizações acabam se tornando mais ágeis e eficientes em suas entregas.

#17. Aumento na relevância das abordagens AI e ML

Inteligência Artificial (AI) e Aprendizado de Máquina (ML) já não são mais ficção científica. Ao contrário, têm a capacidade de mudar a forma como as equipes software desenvolvem e implantam seus produtos, acelerando desempenho e produtividade sem muito esforço. Em combinação com AI e ML, a análise preditiva de dados será uma grande tendência no próximo ano em quase todos os setores.

Toda organização produz dados. Saber explorar e buscar por padrões em dados históricos ajuda a identificar riscos e oportunidades. Novas terminologias, como AIOps, MLOps e DataOps, têm se tornado realidade com o avanço da automação na melhoria de processos e eficiência em desenvolvimento de aplicações.

O Gartner prevê uma miríade de tendências envolvendo análise preditiva de dados, IA e ML, entre elas 3 principais:

  • Decision Intelligence

A “inteligência de decisão” modela cada decisão como um conjunto de processos, usando IA e análises preditivas para aprender e refinar as decisões. A Decision Intelligence pode aprimorar a tomada de decisão humana usando augmented analytics, simulações e IA para automatizá-la.

  • Engenharia de Inteligência Artificial

A engenharia de IA automatiza atualizações de dados, modelos e aplicativos para agilizar a entrega de IA.

  • Inteligência Artificial generativa

A IA generativa aprende sobre artefatos a partir de dados e gera novas criações inovadoras que são semelhantes ao original, mas não o repetem. Tem potencial para criar novas formas de conteúdo criativo, como vídeo, e também criações perigosas, como os chamados “deep fakes”.

Como estamos falando de IA e de tudo o que é possível fazer com ela, incluindo deep fakes, é fundamental ressaltar que a IA também enfrenta desafios e riscos quando se trata de segurança, privacidade e uso ético de dados - e ainda estamos longe de saber o que fazer sobre isso.

#18. Python e Kubernetes para AI e ML

E falando em IA e ML, o Python tem se tornado a linguagem favorita de desenvolvedores que criam aplicativos com recursos baseados em Inteligência Artificial e Aprendizado de Máquina. Por outro lado, o Kubernetes tem sido também a escolha da maioria das organizações para automatizar a entrega de software.

A adoção desse tipo (complexo) de sistema por parte das empresas globais de tecnologia tem aumentado ano a ano. Como consequência, as ferramentas de suporte também devem crescem cada vez mais, talvez até popularizando o uso do Kubernetes para empresas de menor porte - onde atualmente ainda é um grande desafio pela complexidade de uso do sistema.

Uma pesquisa da SlashData revelou que há 13,8 milhões de desenvolvedores no mundo usando JavaScript atualmente, a maiora trabalhando com web e computação em nuvem. Em termos de escala, o JavaScript segue fime no topo da lista das linguagens de programação nos últimos três anos. A comunidade também está em alta: entre o quarto trimestre de 2017 e o primeiro trimestre de 2021, mais de 4,5 milhões de desenvolvedores se juntaram à comunidade JavaScript. Do ponto de vista dos dados, mais de 50% dos desenvolvedores ativos no mundo usam a linguagem, que também foi incorporada por extensão em muitos projetos de desenvolvimento de software.